Brasil

A diferença entre as taxas de juros do Brasil e dos EUA aumenta pela primeira vez em mais de 2 anos

Depois da Super Quarta, com corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) e aumento da taxa Selic pelo Banco Central (BC), a diferença entre as taxas dos Estados Unidos e do Brasil se estendeu ainda mais depois de mais de dois anos. A última alta ocorreu em agosto de 2022, quando o BC brasileiro fixou a Selic em 13,75%. A partir desse momento, a Selic ficou sem efeito por um ano, até agosto de 2023, quando começou a cair. A taxa dos EUA acaba de aumentar, de 2% para 2,25% para 5,25% para 5,5%. Dessa forma, a diferença entre as alíquotas só é reduzida. Segundo economistas, o principal efeito do aumento da diferença deverá ser a valorização do câmbio do país e, consequentemente, a diminuição da inflação. Isso ocorre porque se espera que a taxa mais alta do Brasil atraia moeda para os ativos de renda fixa do país. “O Banco Central reclamou que o câmbio estava muito subestimado e acabou provocando inflação porque significa que há mais para exportar e menos energia para importar. A expectativa é que a verdade seja mais valorizada”, diz Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos .
Na abertura dos mercados desta quinta-feira (19), poucas horas depois das decisões das autoridades monetárias, o dólar caiu mais de 1% frente ao real. O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale reitera que em geral o aumento do spread dos juros leva à queda da taxa de câmbio, mas acredita que no cenário do orçamento atual essa diminuição pode ser “limitada”. “Isso significa que o câmbio ainda tende a ficar em torno de R$ 5,40, acima do patamar do início do ano”, disse.
Por outro lado, a alta da Selic leva inevitavelmente a investimentos individuais em ativos de renda fixa do país, afastando os investimentos produtivos e afetando negativamente o mercado de ações. Para Cruz, porém, a margem maior pode “mitigar” esse efeito.
“Os fluxos de investimento estrangeiro podem aumentar porque há menos alavancagem para atrair dinheiro para o mercado dos EUA, seja através de rendimento fixo ou do mercado de ações. Isso poderia aliviar parte do impacto negativo no mercado de ações aqui. Mas é um facto que para os particulares e para os fundos de pensões será mais sensato investir em títulos de rendimento fixo”, acrescentou.