BC mantém taxa em 15% e não indica início de cortes
Colegiado enfatiza cenário incerto e menciona permanência dos juros “por um longo intervalo”
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu, por unanimidade, conservar a taxa básica de juros em 15% ao ano nesta quarta-feira (5). Este é o terceiro mês consecutivo em que a autoridade monetária opta por não alterar o ciclo de aumento, iniciado em julho.
Assim, a Selic se mantém no seu nível mais alto desde 2006, em uma decisão que era amplamente aguardada pelos investidores. Essa foi a penúltima reunião do Copom neste ano, com o encontro final programado para os dias 9 e 10 de dezembro.
Em sua declaração, o Copom não anunciou o início de cortes na taxa, reafirmando que o ambiente permanece incerto e que é necessário “cautela na administração da política monetária”. O colegiado mencionou novamente a manutenção dos juros “por um período bastante longo” para alcançar a meta de inflação.
“O Comitê ressalta que permanecerá atento, que as diretrizes futuras da política monetária poderão ser ajustadas e que não hesitará em reiniciar o ciclo de ajuste caso considere conveniente.”
O BC também reiterou que os riscos para a inflação — tanto para cima quanto para baixo — permanecem “acima do normal”, com três fatores relevantes para cada direção.
Entre os elementos que podem exercer pressão alta, o colegiado indicou a desancoragem das expectativas de inflação, a maior resistência da inflação de serviços e a combinação das políticas econômicas externa e interna.
Por outro lado, em relação à possibilidade de queda da inflação, o Copom destacou a desaceleração mais acentuada da economia local do que o previsto, a aceleração da desaceleração global e a redução nos preços das commodities.
O comunicado também enfatizou os efeitos do aumento tarifário implementado por Donald Trump contra as importações brasileiras e os impactos da política fiscal interna como fatores de precaução.
“O ambiente continua a ser caracterizado por expectativas desalinhadas, projeções altas para a inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para garantir que a inflação converja para a meta em um cenário de expectativas desalinhadas, é necessário manter uma política monetária em um patamar consideravelmente restritivo por um longo período.”
Melhoria das expectativas
A manutenção da Selic em 15% ocorre mesmo com a melhoria das expectativas do mercado para a inflação em 2025 e nos anos seguintes.
Informações do Boletim Focus, divulgadas nesta segunda-feira (3), revelam que a previsão do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para 2025 caiu pela sexta semana consecutiva, fixando-se em 4,55%.
Para 2026, a expectativa para a inflação foi mantida em 4,20%, mas para os dois anos seguintes, as projeções foram também reduzidas — 3,80% para 2027 e 3,50% para 2028.
O BC visa uma meta de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.